sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tanto sente-não-sente, aquela saudade que machuca e culpa das palavras que pularam da boca naquela sala abafada e voaram em direção a ele. A pergunta como titulo de cada texto, em cada rótulo ou pintura, - sinto ou não sinto? -. O único jeito que encontrou de mostrar toda sua confusão, de sessar os pedidos desesperados de seu corpo de correr pro colo, o único jeito foi o toque. Todo o afago, a agonia e o lamento, tudo isso colocado na ponta de cada dedo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vou lhe contar um segredo, mas fique calado, não conte nem mesmo ao travesseiro quando a única luz for a da lua que brilha lá no alto. Eu sei, eu sei, favor grande a se pedir, certo? Veja bem, o segredo não é meu, se acalma, se acalme que vou contar, lá vai, se prepara: havia um menina, de olhos escuros, que pelo o que sei mora lá do outro lado da rua. Ela sente - sente o que? - ela sente falta - falta de que oras? - Ah criança, de tudo, de tudo..
Esse é o problema que tanto pertuba a menina, talvez não só a menina e sim o mundo inteiro, se encantam, com as pessoas, com o mundo. Cuidado menina, cuidado que encanto acaba, vira pó e voa longe.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Como insistes em ir embora assim? Sem ao menos me contar desculpas enfarrapadas, aceitaria suas frases indiferentes, as habituais, mas nem ao menos isso? Estás louco?
Partir com o único pretexto de que não me quer mais, vamos lá, você sabe que isso de não querer mais é apenas mito. Uma criança nunca deixará de querer seu doce predileto, aquele com cheiro de cereja e cor azulada, colorido, coisa de criança mesmo. Com a boca em linha reta me dizia que não iria partir, jamais, se essa história de olhos transmitirem mais que apenas sua própria cor existe de fato, claro, caso não exista, estou é louca, pois juro que quando me olhava daquela maneira, você sabe, era você quem fazia-o... Pois bem, essa era uma das suas coisas.
Se acha que encontrará conforto ou até mesmo brigas como as nossas, faço disso um desafio a ti, se encontrar lhe deixo, com esta copia mal cospida de nós, mas se ficar perdido em meio a tanta confusão que é este mundo ai fora, te levo uma manta e um " eu te avisei ", e então podemos fingir que nunca partiu, como naqueles filmes que passam no, oh como é mesmo, ah sim, cinema..

quinta-feira, 21 de julho de 2011

- Uma passagem pro trem 51, por favor.
- Droga, esqueci de novo de pedir, na janela se ainda der ..
Entra no trem, cheia, nas mãos, na cabeça...
- Com licença por favor, pode ir um pouco pro lado? Eu tô tentando passar aqui.
Se irrita facilmente, um defeito, ou como ela mesma diz " um charme ".
Tudo vai ao chão,a menos de 2 metros de seu assento.
Ri sem humor. - Irônico não? Exemplo perfeito da vida em alguns segundos.
- Chá gelado ou café moça? Pergunta a garçonete sempre a disposição.
- Chá gelado, 5 pedras de açúcar. Refresca a alma, é o que dizem, certo?


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Era o tipo de garota que usa chapéu de marinheiro com capa de chuva vermelha, o tipo de garota que só quer fantasiar.

sábado, 2 de abril de 2011

Noite de sábado, vento gelado, cheiro de chuva e televisão ligada só pra fazer barulho. Ela e o monstro, aquele que vem sem nem avisar e vai criando uma bola no estômago, que faz querer levantar, sair correndo e na mesma hora se esconder no cantinho do quarto, - a perna fica balançando descontroladamente como se para fazer a coisa sair, a boca seca e lá vai mais uma xícara de chocolate, e então, como se nunca estivesse tido ali, o monstro some. O canal muda, a janela fecha e sem mais chocolate por esta noite.